“ÀS MANAS OS FAVORES, ÀS SERVIDORAS, A LEI”
Por Sonia Cunha Mulher, Portuense, Servidora Pública, Mestra em Letras (UFT), pré-candidata a vereadora
No último final de semana (14/6), mensagens carregadas de sexismo se espalharam pelo aplicativo de mensagens de Porto Nacional, causando indignação e revolta. Repudio veementemente qualquer forma de violência, mas como mulher e analista de discursos em formação, argumento a necessidade de analisar a situação com sensibilidade.
Em uma troca de mensagens, o sujeito A proferiu insultos contra o sujeito B, uma mulher que conquistou um lugar de destaque na sociedade local devido ao seu esforço e dedicação. A discussão revelou uma longa relação entre os dois, o que se infere em decorrência do teor de detalhes questionando a trajetória da mulher, ou seja, como ela atingiu tal posição na carreira.
Por outro lado, a mulher – sujeito B, em outro grupo whats’app, predominantemente feminino, expôs sua versão da história com sensibilidade, trazendo à tona questões políticas partidárias.
Em meio a esse embate, o Coletivo de Mulheres se uniu em apoio à sua colega. Em um cenário onde todos se conhecem, surge a reflexão: “E eu, como servidora pública há 26 anos, não sou também uma mulher?” A situação demonstra a importância de unir forças e lutar pelo respeito e igualdade, independentemente do gênero.
Em outras palavras, sou exonerada grávida pelo secretário favorito do atual gestor, cadê o coletivo? O Coletivo é das Manas do 1º escalão da Gestão? Quando sou tirada abruptamente da função que exerço e fico pelos corredores sem sala, sem uma cadeira para sentar, Eu não sou uma mulher? Quando tento falar com o prefeito e seu “secretário favorito” afirma que não adiantará, Eu não sou uma mulher? Quando meu marido, com câncer em estágio terminal, precisa da minha companhia e tenho meu salário cortado enquanto uma Mana está de home office em outro município por causa do marido, Eu não sou uma mulher?
E a violência financeira? Isso mesmo! Quando uma Mana tem todas as suas empresas contratadas pelo município e recebe corretamente suas quatro casas decimais, Eu não sou uma Mulher por ser concursada, ter meus direitos adquiridos e ainda assim não receber a data-base do ano de 2021 e receber um salário defasado e todas as vezes é preciso entrar com ação judicial para que esses direitos sejam pagos? Será que a Mana está desde 2021 sem receber? Sou menos mulher que a Mana? E a Mana que também é professora e fez um discurso midiático bem emotivo contra a violência feminina.
Mana, estamos juntas, mas não entendo porque fui violentada inúmeras vezes pessoal e virtualmente, inclusive por homens e mulheres, porém em nenhum momento você se sensibilizou.
Veja só, eu e você, mulheres, mães, donas de casa e professoras. Será que para você, Eu também não sou uma mulher? Escrevo essas linhas acabando de ler a matéria que circula no Canal 63 em que o prefeito se posiciona corretamente: “Toda minha solidariedade para ela”. Minha – pronome possessivo concordando com Ela (primeira pessoal do singular do caso reto), ou seja, “às Manas os favores, às servidoras a lei”, Maquiavel nos ensina.
Em termos práticos, existe pelas ruas do Jardim Querido, um movimento coletivo que seleciona a quem representar. Mulheres, quando nós nos silenciamos, isso também é um discurso, uma posição. Ninguém neutro.
Observo que na maioria das vezes o silenciado, o omisso, o negligente, todos estão do lado de quem nos oprime. Passem a observar também, Observar é um ato. As mulheres que o “Seletivo de MULHERES” não vê, é um fato.

