Opinião

“VÔ! FICA DE PÉ PRO PESSOAL VER O SENHOR AI”

Por: Sônia Cunha

No dia 13/2/2025 foi dada a largada oficial para os trabalhos no Executivo portuense. Como destaque da nova conjuntura executiva temos Junio de Cesário que, ao fazer o uso da tribuna pela primeira vez como vereador, estruturou seu discurso em torno da emoção e da memória familiar, ou seja, o reconhecimento público do avô “Meu vô foi peça fundamental durante a minha campanha, é peça fundamental para a minha vida”, não apenas legitima o vereador por meio de uma continuidade de sua geração, mas também cria uma conexão afetiva com o público, especialmente aqueles que valorizam a tradição e os laços familiares na política. Traços esses bem enraizados em Porto Nacional.

O ato de pedir que o avô se levante para ser visto pelo público (“vô, fica de pé pro pessoal ver o senhor aí”) é uma performance discursiva importante, pois transforma a memória em algo visual e concreto. Esse gesto simboliza o legado que o avô transcende a figura individual do vereador, associando seu mandato a valores como respeito aos mais velhos, herança moral e compromisso com a comunidade.

Passando para as questões institucionais, seu discurso é marcado por termos como “transparência, ética e bem comum”, que reforçam seu compromisso como figura pública de diálogo e consenso (“sempre valorizando o diálogo e o respeito entre nós parlamentares e com os poderes Executivo e Judiciário”). O uso de expressões como “nosso compromisso é muito grande com a cidade que nós amamos” insere o discurso em uma formação de pertencimento e devoção ao município. A valorização da câmara municipal como peça fundamental na construção de políticas públicas reforça uma visão institucional, isto é, a ideia de que a política é um espaço coletivo, não individual.

A parte final do discurso adota um tom mais mobilizador, convidando a população a participar ativamente (“Convido cada cidadão a acompanhar de perto nossas ações e contribuir com sugestões e projetos e indicações”). Essa estratégia busca reforçar a imagem de um mandato aberto e participativo, alinhado com o conceito de política como serviço público. A ênfase no contato direto (“eu me coloco à disposição para dialogar com toda a população seja aqui no gabinete, nas ruas ou através dos nossos canais de comunicação oficiais, redes sociais e site”) reforça a imagem de um político acessível, diferenciado dos que se distanciam da base eleitoral após a eleição.

Assim, o discurso de Junio Cesário pode ser interpretado como uma continuidade familiar de compromisso ético e institucional. Ele não reivindica um lugar de resistência, mas de participação ativa dentro da política. A valorização da família, a reafirmação de princípios democráticos e a abertura ao diálogo compõem um discurso que busca fortalecer sua legitimidade não pelo sofrimento, mas pela conexão com a cidade e suas demandas como a das mulheres, das mães atípicas, dentre outras.

Sucesso, Junio de Cesário!

Abraço,Sonia Cunha

Uma Mulher Mestra em Letras (UFT) com ênfase em análise de discursos, vivenciando a Gestão Pública como servidora pública municipal há 27 anos.

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